sábado, 30 de julho de 2011

Algodão da Bahia tem a maior produtividade do mundo


Ascom Seagri/Apaba




(LUIS EDUARDO MAGALHÃES – BA) - No ano de 1998, lembra Amauri Stracci, presidente da Fundação Bahia, a produtividade do algodão do Oeste do Estado não passava de 180 arrobas por hectare. “Hoje, estamos com 400 mil hectares plantados, e atingimos a marca de 260 arrobas por hectare, produtividade que pode chegar a mais de 300 arrobas por hectare na próxima safra”, disse ele. Com esses números, o algodão da Bahia tem hoje a maior produtividade do mundo. O desempenho do algodão baiano foi também destacado pelo ex-ministro da Economia Maílson da Nóbrega, que na noite de sexta-feira, (8), fez palestra no auditório do Hotel Saint Louis sobre a “Economia Global e as Tendências do Agronegócio e do Algodão”. A Bahia é o segundo maior produtor nacional de algodão.




O secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, que participou do evento com o ex-ministro, e na manhã deste sábado, (9), esteve presente no Encontro Técnico do Algodão 2011, na sede da Fundação Bahia, disse que “o algodão encontrou nas terras baianas seu habitat natural, e para complementar as boas notícias, (bons preços no mercado, aumento da área plantada, e excelente qualidade do algodão), esperamos em breve anunciar a instalação de um pólo têxtil na região”. Salles lembrou que apesar de ser o segundo maior produtor nacional de algodão, a Bahia não possui uma grande indústria têxtil para verticalizar a cadeia, gerando empregos e renda.



Para ele, os resultados que estão sendo obtidos na cultura do algodão são frutos das pesquisas realizadas pela Fundação Bahia, com recursos do Fundeagro, e da dedicação dos produtores. “O Fundeagro é um exemplo de que podemos ter a pesquisa desenvolvida pelos produtores em parceria com o governo”, disse.



Em parceria com Fundação Bahia, a Embrapa Algodão desenvolveu duas novas cultivares de algodão, a BRS 335 e a BRS 336, apresentadas neste sábado na abertura do Encontro Técnico do Algodão 2011. A primeira se destaca pela alta produtividade, porte e ciclo médios, e a segunda pela qualidade da fibra. A BRS 335 é indicada para cultivo no Estado da Bahia e a BRS 336 para os biomas do cerrado e semiárido brasileiro.



PRODUTIVIDADE



A BRS 335 possui ciclo e porte médios, com elevada produtividade de fibra e resistência à mancha angular, doença de grande importância econômica no País, pois não é controlada por produtos químicos e cujo controle depende da utilização de sementes sadias e resistentes.



"Além da boa produtividade, as características tecnológicas das fibras da BRS 335 estão de acordo com as exigências do mercado consumidor interno e externo", explicou Camilo de Lelis Morello, pesquisador da Embrapa Algodão e responsável pela descoberta. Uma das características da BRS 335 é que a produtividade de algodão em pluma é estimada em aproximadamente 2.070 quilos por hectare e a colheita é prevista para de 150 a 170 dias após a emergência das plantas. A cultivar é recomendada para o cerrado do Estado da Bahia.



Já a principal característica da BRS 336 é a alta qualidade da fibra, cujo comprimento pode variar de 32 a 34 mm. Também se destaca a resistência (entre 31 a 34 gf/tex), outra característica exigida pela indústria têxtil. A produtividade de algodão em pluma dessa variedade é de cerca de 1.530 quilos por hectare. A colheita é estimada para 170 a 180 dias após a emergência das plantas, que são de porte médio a alto.



A BRS 336 também é resistente à mancha angular e medianamente resistente à doença azul, uma virose do algodoeiro transmitida pelo pulgão, que pode causar muitos prejuízos à cultura. A cultivar é indicada para os estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Maranhão, Piauí e Rondônia.




Morello explicou que a principal vantagem da BRS 336 é o fato dela ter fibra mais longa, de alta qualidade, sem apresentar os problemas das cultivares que produzem fios especiais, como suscetibilidade à mancha angular, além de ciclo tardio e porte muito alto, características que não se adequam ao sistema produtivo do cerrado e à colheita mecanizada.



CERTIFICADOS



Doze propriedades rurais da região oeste da Bahia receberam o certificado de participação no Programa Socioambiental da Produção de Algodão, PSOAL, para a safra 2010/2011. O processo de certificação teve início no final de fevereiro e foi realizado pelo órgão certificador, Intertek do Brasil.



A entrega dos certificados aconteceu na noite de sexta-feira, (8), durante a abertura do Encontro Técnico do Algodão 2011 – A força do Algodão Baiano, que contou também com a palestra do ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega. Os certificados foram entregues pela presidente da Associação dos Produtores de Algodão da Bahia, Apaba, Isabel da Cunha, pelo secretário da Agricultura, Eduardo Salles, pelo presidente do Fundeagro, Ademar Marçal, pelo vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, Abrapa, João Carlos Jacobsen, e pelo prefeito de Luis Eduardo Magalhães, Humberto Santa Cruz. O evento contou também com as presenças do presidente da Aib, Walter Horita, e do presidente do Sindicato Rural de Luis Eduardo Magalhães, Vanir Kolln.



Para Isabel da Cunha, presidente da Apaba, a entrega destes certificados demonstra que o produtor de algodão do oeste baiano está adequando suas propriedades as questões socioambientais. “A tendência é que na próxima safra já tenhamos um número maior de propriedades certificadas no PSOAL, principalmente porque acreditamos que um maior número de produtores irá aderir ao programa para obtenção do certificado”, conclui.


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